Dentre os insólitos literários propostos por Mia Couto no seu livro O fio das missangas (2004), cujo repertório em contos revela um leque de possibilidades nesse universo da literatura que se ergue nas trilhas dos constructos do universo literário fantástico, escolheram-se os contos “O homem cadente” narrativa que instiga o leitor a partir do título que abriga certa imagem de natureza surrealista em que um homem é observado por meio de uma construção da linguagem e tempo que se propõem à impossibilidade de um intrigante “infinito e improvável gerúndio” e também “Peixe para Eulália”, cujas impossibilidades tramadas verificam-se de forma tão extremada e envolvente que se torna também improvável o desapego do interlocutor. Essas narrativas, além de se oferecerem como inauguradoras de possibilidades de composições imagéticas também exibem-se no universo linguístico com minuciosa teia de elaborações, ao tempo em que desperta-nos o necessário estranhamento, característico da vertente literária em estudo, tão ricamente conceituada e classificada por Tzvetan Todorov (2008) e também analisada em contextos e tradições culturais dos autores africanos, dentre outros aspectos, por estudiosos como Wittiman (2012), Abranches (2011) e Sílvio Ruiz paradiso (2015). Nesta análise pretende-se destrinçar a arquitetura insólita representada pelos personagens envolvidos em cenários de imagens que avultam como exemplares nessa proposta literária do autor africano de expressão portuguesa.