Pesquisas desenvolvidas na educação básica (BUNZEN, 2007; ROSSI, 2010; SOARES, 2011; ROJO, 2001, 2010) têm evidenciado que muitos textos produzidos em diferentes esferas sociais, cumprindo determinadas funções, direcionados para dado público potencial, quando contemplados em livros didáticos ou introduzidos em salas de aula, se transformam em objetos de ensino. Tornam-se escolarizados. Essas constatações despertam o interesse em Silva (2017) pela investigação da natureza das situações de produção e circulação dos textos exigidos na educação superior. No presente trabalho, decorrente de reflexões feitas pela autora referida, objetiva-se investigar os contextos de produção e circulação de textos produzidos por estudantes calouros e concluintes de um curso de Psicologia ofertado por uma universidade brasileira. Ancora-se nos pressupostos teórico-metodológicos norteadores dos Novos Estudos do Letramento, da abordagem dos Letramentos Acadêmicos e da abordagem qualitativa de pesquisa. Compartilha também de alguns princípios da perspectiva etnográfica como basilares para a realização de entrevistas semiestruturadas com os participantes. Além das entrevistas, o corpus contempla exemplares de textos produzidos pelos entrevistados. A exploração de tais fontes de dados evidencia que os contextos de produção e circulação dos textos exigidos no âmbito investigado estão alinhados, com diferentes nuances, a uma prática de letramento escolarizada. Os relatos dos estudantes sinalizam que os textos por eles produzidos, ainda que nomeados com termos que remetem a diferentes gêneros do discurso, são transformados em objetos de ensino, quando introduzidos nas aulas. Ante a esses resultados, conclui-se que a escolarização dos textos, tanto na escola quanto na universidade, é inevitável. Não é, por si só, algo negativo. Entretanto, o modo pelo qual essa escolarização acontece merece investigação e reflexão.