Carolina Maria de Jesus: uma escritora na contramão | Autores: Simone Cristina Mendonça (UNIFESSPA - Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará) ; Euclidiane Santana da Silva (UNIFESSPA - Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará) |
Resumo: “Atrapalhando o tráfego”, como canta Chico Buarque (1971), Carolina Maria de Jesus, uma mulher negra e pobre, conseguiu ver seu primeiro livro Quarto de Despejo: diário de uma favelada alcançar recordes de venda, tendo tido 8 edições ainda no ano de lançamento, 1960. A partir do trabalho de edição do jornalista Audálio Dantas, foram publicadas páginas selecionadas dos escritos que Carolina vinha mantendo por 5 anos em muitos cadernos. O sucesso inicial, contudo, não se manteve e controversas foram as críticas publicadas em diferentes suportes entre os anos 60 e 90 do século XX, mesmo após ampla recepção nacional e internacional, comprovada por traduções em várias línguas. Em vida, Carolina Maria de Jesus, além dos desafios diários pela sobrevivência, enfrentou o esquecimento da crítica após o sucesso inicial, não conseguindo manter sua visibilidade no meio letrado. Na atualidade, contudo, a autora desperta grande interesse pelas temáticas que suscita em seu diário, como segregação racial, demarcação social de espaços urbanos, dificuldades cotidianas para o ganho de poucos recursos, mercado editorial, etc., além de outras não previstas, que foram surgindo na medida em que novas teorias de análise desenvolveram-se. Neste trabalho, objetivamos apresentar algumas críticas que Quarto de despejo recebeu em sua época e nos dias atuais, baseados em fontes como Sá (2017), Meihy (2016), Martins (1993), entre outros.
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