A concepção de gramática e norma culta vivenciada na maioria das instituições escolares brasileiras é baseada em tendências restritivas de ensino, consequentemente os alunos passam a rotular gramática como “bicho papão” e considerar as aulas de língua portuguesa pouco atraentes para eles. Além da visão estruturalista de ensino, também observa-se que o modo como a língua é empregada pelos discentes muitas vezes é rotulada como incorreta, exigindo-se deles um discurso oral e escrito de acordo com a norma padrão, o que gera um preconceito linguístico e social. Partindo desse pressuposto, este trabalho tem como objetivo contribuir para práticas de um ensino-aprendizagem que leve em conta os aspectos discursivos e linguísticos, e não apenas os normativos. Para tanto, discutem-se algumas concepções de norma e gramática bem como a análise dialógica do discurso na perspectiva do Círculo de Bakhtin para a valorização da linguagem dos estudantes. Os corpora do estudo constituem-se de trechos de depoimentos de docentes e de produções textuais de alunos do ensino fundamental. A análise dos dados empíricos, sob a abordagem qualitativa e interpretativa de pesquisa, confirma as tendências limitadas de ensino, a partir da qual propõem-se sugestões de como lidar com os desvios gramaticais e a diversidade linguística na sala de aula.