Como acontece com os textos escritos e orais, a leitura de gêneros multimodais parece lançar mão dos mesmos elementos teóricos para o processo de produção de sentido. O gênero tira cômica, que constitui nosso corpus, é multimodal, subtipo do hipergênero História em Quadrinhos (HQ). Ramos (2010), ao aproximar dois gêneros narrativos de HQ, a tira cômica e a piada, mostrando que a distinção elementar entre eles reside particularmente na imagem, facilitou nossa investida analítica. Sendo dois gêneros cômicos, sua temática se atrela ao humor, uma de suas características mais relevantes. Dessa forma, será de grande serventia para a análise de nossos textos de humor a descrição semântica dos componentes de uma piada empreendida por Attardo e Raskin (1991) e por  Raskin (1987), esta conhecida por Teoria de Script Semântico de Humor. Por se tratar de uma noção sociocognitiva próxima à de campo lexical,  sua descrição estende-se para alguns dos pressupostos básicos da Linguística Textual, como a referenciação e a intertextualidade. A questão que direciona esta pesquisa é que tal arcabouço teórico pode ser válido também para textos multimodais escritos, ou pelo menos parte deles, entre os quais estão incluídas as modalidades de textos que constituem este corpus de análise.