Estudos prosódicos no Atlas Linguístico do Brasil: em busca de generalizações descritivas
| Autores: Cláudia de Souza Cunha (UFRJ - Universidade Federal do Rio de Janeiro) |
Resumo: O presente estudo tem como propósito dar notícia das descrições prosódicas que vem sendo desenvolvidas no âmbito do Projeto Atlas Linguístico do Brasil e que geraram, inclusive, as duas cartas de prosódia do Volume 2 do Atlas. Com auxílio da fonologia prosódica (Nespor e Vogel 1986) delimitou-se o sintagma entoacional como unidade de estudo. Os dados eliciados das gravações foram descritos a partir da análise fonética do contorno de frequência fundamental através do programa computacional Praat (Boersma y Weenink, 1993-2006) e etiquetados fonologicamente segundo o modelo Métrico Autossegmental - AM (Ladd, 1996). Para a notação, empregou-se o sistema ToBI. Três estudos que observam a entoação regional tiveram por foco o falar das capitais documentadas pelo Projeto ALiB: o estudo de Silva (2011) revelou três diferentes padrões prosódicos para os enunciados interrogativos totais (do tipo “Você vai sair hoje?”); o estudo de Silvestre (2012) revelou 5 diferentes padrões prosódicos para os enunciados assertivos (do tipo “Você vai sair hoje.”); e o estudo de Cunha et al. (2016) revelou dois padrões distintos para os enunciados imperativos (do tipo “Você vai sair hoje!”). Os resultados apontam a existência de algumas áreas cujo comportamento prosódico tende a ser coincidente, como uma faixa ao nordeste do país, marcada pela presença de um contorno H*__ H+L*L% nos enunciados assertivos, em que se percebe uma proeminência do acento prenuclear, e de um contorno L+H*__ L+H*H% nas interrogativas totais neutras, em que o acento nuclear, ao contrário do que se revela como padrão no país, termina com um tom alto.
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