SONHOS RIDÍCULOS EM DOSTOIÉVSKI E ÁLVARO DE CAMPOS: UMA ABORDAGEM DIALÓGICA. | Autores: Daiana Dall Igna Nunes (UFFS - UNIVERSIDADE FEDERAL DA FRONTEIRA SUL) ; Stephane Terres Sanzovo (UFFS - UNIVERSIDADE FEDERAL DA FRONTEIRA SUL) |
Resumo: O presente trabalho centrar-se-á na análise do “Poema em linha reta”, do heterônimo Álvaro de Campos, criado pelo poeta Fernando Pessoa (1888-1935) como um dos personagens-autores do seu “romance-drama-em-gente” (LOPES, 1990, p. 172), e do conto “O sonho de um homem ridículo” de Fiódor Mikhailovitch Dostoiévski (1821-1881). Tanto o poema de Campos como o conto de Dostoiévski encenam uma dramaticidade na medida em que trazem, na sua estrutura composicional, enunciados alheios com os quais manterão relações dialógicas. Conforme Mikhail Bakhtin, em todo discurso – entendido como a língua no seu uso concreto e vivo – perpassam outros discursos, numa “interação viva e tensa” (1998, p. 88). Procura-se analisar de que forma são constituídas as relações dialógicas entre o poema e o conto, bem como em cada um desses textos separadamente, considerando as metáforas do sonho no conto e da linha reta no poema. Através dos preceitos bakhtinianos em que os discursos se constituem em relação polêmica ou contratual analisaremos em que medida esses discursos acerca dos sonhos e do termo ridículo no poema e no conto relacionam-se de forma contratual ou polêmica. Pretende-se, também, verificar como a palavra ridículo, analisada em seu contexto denotativo, é ressignificada, ganhando um outro valor dentro do poema e do conto. Verificar-se-á como Álvaro de Campos e Dostoiévski concebem o que é ser ridículo e quais as implicaturas na vida humana, na criação de uma utopia vista por vieses distintos. Analisaremos como o conceito de cicatrização do espirito desenvolvido pelo filósofo alemão Georg Wilhelm Friedrich Hegel (1770-1831) está presente no conto e também no poema dando margem as utopias em ambas as obras.
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