Na proposta deste trabalho, utilizamos a transcrição de um debate realizado no Teatro Ipanema, Rio de Janeiro, em dois de outubro de 2001, publicado no livro Sobre o filme Lavoura Arcaica, em 2002 , cuja presença do diretor Luiz Fernando Carvalho, possibilita perceber o processo de criação do cineasta e dá margem para fazermos uma leitura da argumentatividade, mais especificamente, do ethos constituído no momento da enunciação, criando uma imagem confiável e persuasiva diante de seus interlocutores. Nessa obra, Luiz Fernando fala de sua história familiar, de sua formação intelectual, do trabalho seminal que faz na televisão e de toda a saga de concepção e realização desse seu primeiro filme de longa-metragem, Lavoura Arcaica, 2001. Enfim, “ouvimos”, dele e de seus interlocutores, a reflexão sobre a busca de uma gramática fílmica que pudesse dar conta da dramática história de André, personagem narrador na obra, e de sua família. Nesse sentido, seu discurso dá algumas chaves da sua leitura sobre o romance homônimo, 1975, de Raduan Nassar.  Nossos objetivos envolvem a pesquisa sobre a questão do ethos, no âmbito do discurso do diretor, e os mecanismos argumentativos que avigoram as posições discursivas desse ethos, responsáveis por expressar opiniões, comunicar valores e garantir a adesão do público, assim como demonstrar como Carvalho construiu algumas passagens do filme tendo por base o romance descrevendo o modo como a linguagem cinematográfica opera no fator da persuasão. A pesquisa respalda-se  nas teorias da Semiótica discursiva e da Semântica Argumentativa  a fim de responder aos objetivos estabelecidos. Acreditamos que a pesquisa nos trará importantes resultados de interpretação e compreensão de texto, uma vez que a semiótica e a argumentatividade viabilizam-nos revelar as articulações mais profundas do processo de construção de sentido.