Situado no âmbito da Linguística Aplicada, este trabalho apresenta resultados parciais das discussões que constituem uma pesquisa de doutorado em desenvolvimento sobre os presumidos sociais na escrita acadêmica e a sua relação com fatos de heterogeneidade constitutiva e heterogeneidade mostrada. O objetivo geral da pesquisa é compreender de que modo as formas de negociação com fatos de heterogeneidade presentes no gênero acadêmico questão dissertativa de prova produzido por acadêmicos de um curso de licenciatura podem constituir maneiras pelas quais o sujeito busca lidar com diferentes presumidos sociais (BAKHTIN; VOLOSHINOV, 1976) do processo de letramento acadêmico. Dentre os objetivos específicos, busca-se analisar quais recursos utilizados representam a negociação do sujeito aluno com esse ‘outro’ constituído em termos de presumidos sociais; e compreender se e de que forma essa negociação pode ser percebida como representação do sujeito na enunciação. Tendo como referência basilar as pesquisas de Authier-Revuz (1990; 1995; 1998) sobre o campo do heterogêneo, as discussões e análises ancoram-se em arcabouços teóricos que concebem o sujeito como produzido na e pela linguagem e que no processo de dizer deixa escapar indícios das suas formas de negociação com as heterogeneidades constitutivas do próprio sujeito, da linguagem e dos discursos.  O corpus selecionado para análise é composto por 49 respostas de questões dissertativas de prova elaboradas por acadêmicos do 2º e do 4º ano de um curso de Letras de uma universidade pública do Paraná. As análises preliminares permitem demonstrar que recursos como os introdutores de reformulação e a oscilação entre cópias marcadas e não marcadas pelas aspas, por exemplo, indiciam formas de representação dos alunos acerca da necessidade de uma tomada de posição autoral, tomada como presumida do gênero questão dissertativa de prova.