O olhar de Machado de Assis sobre o Brasil do século XIX nas crônicas de "A Semana" | Autores: Maria Elizabeth Chaves de Mello (UFF - Universidade Federal Fluminense ) |
Resumo: Apresentaremos a antologia organizada por mim e pelos meus pós-doutorandos, Benito Petraglia e Mariana Lima, das crônicas machadianas de A Semana. A coleção A SEMANA é composta de crônicas publicadas entre 1892 e 1897, na Gazeta de Notícias, às quais se somam duas avulsas de 1900, perfazendo 248. Eram crônicas que saíam aos domingos, comentando os eventos da semana anterior. Eventos a que Machado de Assis quase sempre não estava presente. Eram lidos e glosados – “Contaram algumas folhas esta semana”... (05/02/1893); “Antes de relatar a semana, costumo passar pelos olhos os jornais dos sete dias.” (11/06/1893) O que pode intrigar o público é saber qual o interesse da coleção de A SEMANA. Em primeiro lugar, são escritos machadianos, o que por si só já representa muito. Nelas estamos diante do estilo do último Machado, do Machado definitivo. Através delas descortina-se um amplo quadro histórico da vida do país e do mundo, até onde as agências de notícias podiam alcançar, do fim do século XIX, sob a ótica de um espectador cético, irônico e desencantado.A expressão “último Machado” se justifica, pois a obra dele tem duas fases marcadas, tendo como fronteira o romance Memórias póstumas de Brás Cubas (1881), embora alguns tomem por evolução natural o que para mim é, na verdade, uma ruptura. Nesse sentido, as crônicas são o melhor instrumento aferidor para comprovar essa ruptura.
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