Este trabalho é um recorte da tese "Texto/Contexto: Teoria Literária e Intertextualidade em A Rainha dos Cárceres da Grécia, de Osman Lins", que estuda o último romance de Osman Lins (1924 - 1978). O mote da investigação surgiu a partir de um argumento nuclear do romance em questão — “Toda obra de arte configura a sua própria teoria” (LINS, 2005, p. 65). Buscou-se analisar a especificidade do texto osmaniano em relação à teoria de literatura frente a qual aquele polemizou. Parto da oposição que os estudos literários situaram entre texto e contexto, tradição que debate o estatuto imanente-transcendente da obra literária, para situar essa oposição como reversível, tal como Antonio Candido afirmara sobre a dialética entre texto e sociedade (CANDIDO, 2002).
A Rainha dos Cárceres da Grécia é uma palco de tensões teóricas e a forma romanesca reforça essa contradição. O romance dialoga com os discursos críticos que se gestaram na academia brasileira e, sobretudo, nos cursos de letras, durante a década de 1960 e 1970. Sustento que o romance de Lins, entre outras questões apontadas pela crítica específica, tenha surgido como uma espécie de resposta polêmica e paródica contra os estudos literários. Neste sentido, como fruto de polêmica, o romance estabelece um diálogo contemporâneo com as questões teóricas específicas do decênio de 60 e 70. Postulo uma interpretação particular de A Rainha dos Cárceres da Grécia que, lendo-lhe detalhes composicionais, fundamenta-se na intertextualidade de textos ficcionais e não-ficcionais.