Marcas de fluxos migratórios:
Variação e mudança do uso dos pronomes sujeitos
no Português Brasileiro, no Espanhol Argentino e no Espanhol Estadunidense
No contexto das Línguas Românicas, o Português Europeu, «o próprio latim» (Ilari 2013, 50), e o Espanhol Peninsular se caracterizam pelo fato de suas gramáticas permitirem suprimir os sujeitos pronominais. Esse traço é denominado pro-drop: PE «Falas inglês?» Esp. «No sé». Contudo, é de destacar que as línguas faladas na América tendem a realizar os pronomes com uma frequência bem maior: PB «eu não entendo muito de mar»; EspARG «¿Vos tenés así [pantalones] negros?». Sobre o espanhol argentino, de acordo com Pešková (2015), a supressão do pronome tem como entidade de referência a oração, e.g. o pro-drop é uma caraterística gramatical, enquanto o uso explícito do pronome sujeito está controlado pelo discurso, revelando um traço pragmático (cf. Espanhol Estadunidense: Otheguy, 2007).
Na verdade, o uso inovador americano cunhado pelo contato entre falantes de línguas distintas no contexto da migração varia ao longo de parâmetros diversos, como a pessoa gramatical, a estrutura informativa, o releve prosódico, a incrementação discursiva, a ordem de palavras, entre outros. Paredes Silva (1993) observa, com base em um corpus do PB escrito, que a presença do referente em outra função sintática debilita a expressão do pronome sujeito. Até que ponto sobrepõem-se os perfis de uso das variedades americanas pesquisadas sobre a base de dados empíricos? Quais são as caraterísticas únicas encontradas em cada língua? O objetivo dessa comunicação é desenhar os perfis das gramáticas dessas línguas e de algumas de suas variedades e compará-las para saber se a origem portuguesa ou espanhola leva a usos distintos ou se as línguas em contato revelam um impacto maior.