O contato linguístico e a questão da identidade: representações e atitudes dos falantes do vêneto em São Bento de Urânia, Alfredo Chaves - ES | Autores: Katiuscia Sartori Silva Cominotti (UFES - Universidade Federal do Espírito Santo) |
Resumo: Segundo dados do Arquivo Público do Estado do Espírito Santo (FRANCESCHETTO, 2014), na segunda metade do século XIX e início do século XX, chegaram ao estado 54.155 imigrantes, sendo que, destes, 36.666 (67,71%) eram italianos. Devido à história da colonização do estado e dos assentamentos dos estrangeiros, os imigrantes italianos e seus descendentes puderam preservar seus costumes e suas línguas até a década de 1960 (DERENZI, 1974). Entretanto, com o gradativo aumento do contato com os brasileiros, essas línguas foram sendo substituídas pelo português. Atualmente, elas são faladas pelos mais idosos, sobretudo em zonas rurais, tendo perdido quase todos os seus domínios de uso (PERES, 2014, 2016). Por outro lado, observamos a manutenção da língua pomerana (BREMENKAMP, 2014) e do hunsrückisch (KLIPPEL-MACHADO, 2018) em várias regiões do Espírito Santo. Diante do exposto, nossa pesquisa tem por objetivo investigar o papel das consequências desse contato na constituição da identidade e da etnicidade dos moradores da comunidade de São Bento de Urânia, um distrito rural do município de Alfredo Chaves, ES. Dessa forma, buscamos apoio teórico nas contribuições de Couto (2009), Fishman (1992, 1996, 2000), Thomason (2001), UNESCO (2003) etc., a fim de que possamos discutir as representações e atitudes linguísticas relacionadas à língua vêneta e constatar como esse fator influencia os processos de manutenção/substituição da língua minoritária, tendo em vista que, nos resultados de nosso estudo (COMINOTTI, 2015), constatamos que a ampla maioria de nossos 62 entrevistados afirma que não gostaria que a língua desaparecesse, assim como ela continua sendo um dos principais fatores de identificação dos descendentes de imigrantes italianos da comunidade.
Agência de fomento: FAPES |
|