Este estudo propõe analisar qual noção: de letramento, de letramentos ou de multiletramentos está prescrita na Base Nacional Comum Curricular (BNCC), homologada em 2017, para o Ensino Fundamental e verificar de que forma essa noção está ou não planificada nos objetos de conhecimentos, nas habilidades ligadas aos campos de atuação e nas práticas de linguagem. Sendo assim, objetivamos investigar as propostas teóricas e os indícios metodológicos para o ensino de Língua Portuguesa, sob a noção de letramento, de letramentos ou multiletramentos. Concebemos o conceito de letramento a partir de Kleiman (1995), Letramentos por meio de Rojo (2009), e de Multiletramentos a partir de Grupo de Nova Londres (1996), Pinheiro (2006), Rojo; Barbosa, (2015), entre outros. Para análise, partimos de uma abordagem qualitativa (DENZIN; LINCOLN, 2000), seguindo os pressupostos da Linguística Aplicada (MOITA LOPES, 2006, GONÇALVES; SILVA; GÓIS, 2014) de cunho inter/trans/indisciplinar, sendo classificada como uma análise documental (LÜSKE; ANDRÉ, 1986), com discussões bibliográficas. A justificativa desta pesquisa está na implicação do documento na formação autônoma, crítica, ética, democrática, histórico-social dos estudantes da educação básica. Argumentamos que, ao verificarmos a noção privilegiada pela BNCC, bem como as práticas, habilidades, campos poderemos prever/supor quais heranças serão deixadas para o futuro da educação no país. Dessa forma, almejamos apontar problemáticas relacionadas à noção (de letramento, letramentos ou multiletramentos) para que os sujeitos envolvidos no âmbito educacional se posicionem a favor ou em resistência ao documento. Os resultados preliminares indicam problemáticas em torno do conceito de “habilidades” por seu teor verticalizador, hegemônico, estrutural, técnico, e por servir como referência para sistemas de avaliação (GERALDI, 2015).