A subjetividade lírica presente nos poemas que compõe a obra A caligrafia das heras, do escritor goiano Edival Lourenço será analisada no sentido de entender a maneira como a linguagem lourenciana e a atuação do sujeito lírico se instauram. Recorrendo aos escritos de Adorno (2012), Eco (2002), Hamburger (1975), Rimbaud (2006) e Zumthor (2010, 2014) pretendemos analisar como o sujeito lírico institui uma subjetividade dentro da poesia. Acreditamos que as transformações ocorridas na maneira de se interpretar uma obra contribuem para a performance do leitor, do poeta e da própria linguagem poética, que apresentam manifestações expressas e retomam o jogo com a linguagem lourenciana. Nesse ponto, é importante observar que o poeta preocupado com os reflexos das intervenções do indivíduo sobre o meio transfere para o eu lírico a função de servir tanto às questões estéticas quanto à busca por uma percepção mais ampla sobre a inter-relação do ser humano com a natureza. Considerando isso, pretendemos pensar a poesia contemporânea e em como ela pode introduzir uma nova constituição do sujeito lírico estabelecido pela linguagem poética e a maneira que a performance da voz contribui para isso, atendendo a proposta do Simpósio Temático AT059 do VII SIMELP, que sugere refletir sobre “como a arte literária provoca e aciona sua voz para a discussão sobre temas variados”.