Por uma Pedagogia da Variação na formação de professores: uma experiência didática na Pós-Graduação. | Autores: Jaqueline de Moraes Thurler Dália (IFF - Instituto Federal Fluminense - Campus Avançado Cambuci) |
Resumo: A variação linguística é contemplada nos documentos norteadores do ensino de língua há muito tempo (BRASIL, 1998; 2000). No entanto, ainda se percebe uma prática pedagógica normativa, principalmente, quando se observa o processo de ensino-aprendizagem do português nos anos iniciais do Ensino Fundamental (TRAVAGLIA, 2006; UCHÔA, 2007). Isso permite refletir sobre a influência da Sociolinguística na própria formação e, por consequência, na atuação dos docentes desse segmento. É sobre tal perspectiva que se desenvolverá esta análise. A partir de uma experiência vivida enquanto professora e coordenadora de um curso de pós-graduação lato sensu, pretende-se ilustrar como a inclusão da Pedagogia da Variação (ZILES e FARACO, 2015) no percurso formativo dos profissionais da educação pode interferirr em sua práxis, ou seja, no modo como eles veem e abordam o ensino de língua materna. A turma, alvo da investigação, era formada por 12 profissionais das mais diversas áreas, dentre os quais 85% atuavam, majoritariamente, na Educação Infantil e/ou no Ensino Fundamental. A especialização que cursavam se baseava em uma concepção interdisciplinar e girava em torno da relação da língua(gem) com aspectos sócio-históricos. A disciplina que serviu de campo para a pesquisa se denominava Língua e Sociedade e pretendia pensar sobre as mudanças e variações linguísticas na interface com a identidade de grupos sociais. Esse tema, para a maioria dos alunos, era novo e suscitou inúmeros debates e ponderações sobre como eles próprios lidavam com o conflito entre a norma culta padrão e aquela dominada por seus discentes. Os depoimentos foram analisados qualitativamente e indicaram que: a atitude pedagógica está permeada de preconceito linguístico (AZEREDO, 2007); a escola pode ser veículo de propagação dessa violência simbólica (BOURDIEU e PASSERON, 2009); a inserção da Sociolinguística e/ou da Pedagogia da Variação nos currículos de formação de professores possibilitaria, enfim, uma docência crítica de Língua Portuguesa.
Agência de fomento: IFF |
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