A leitura e a escrita são práticas sociais presentes no cotidiano das pessoas, antes mesmo destas irem para a escola. Com o processo de alfabetização, além de aprender a codificar e decodificar símbolos, o sujeito tem a oportunidade de munir-se de  habilidades que o tornam capaz de interpretar os discursos implícitos em  textos de diferentes gêneros. Contudo, a experiência com alunos ingressantes no curso de Letras revela que as práticas de leitura e escrita vivenciadas em sua trajetória estudantil não lhes forneceram condições para desenvolverem as estratégias de construção e interpretação de textos. Afirmação essa que pode ser constatada nas dificuldades de usar argumentos teoricamente fundamentados em exposições orais e em seus trabalhos acadêmicos. Com vistas a superação dessa problemática, propôs-se aos acadêmicos a elaboração de ensaios com análises de registros coletados por meio de  pesquisas de campo, realizadas em escolas públicas de educação básica da cidade de Boa Vista. A escolha desse gênero deu-se por sua versatilidade, capacidade de transitar entre a academia, a literatura, a filosofia, o jornalismo, além de agregar outras formas de expressão, de modo que, ao mesmo tempo em que dá liberdade ao escritor, possibilitando-lhe certo grau de independência em relação ao rigor acadêmico; o ensaio não possui a superficialidade como parte das características que lhe são próprias. Pelo exposto, esta comunicação tem o objetivo de apresentar os resultados de uma pesquisa-ação que teve a pesquisa e o ensaio como eixos da proposta metodológica utilizada com o intuito de desenvolver o letramento acadêmico no curso de Letras. Ressalta-se que as práticas pedagógicas e as análises dos registros delas derivantes fundamentaram-se nos preceitos da Linguística Aplicada e na Teoria de Gêneros. Os resultados indicam a apropriação do gênero textual, desenvolvimento da competência comunicativa e a ampliação do conhecimentos dos alunos ao relacionarem teoria e prática.