Prefixos do Português Brasileiro: entre a mudança e a confirmação de tendências | Autores: João Henrique Lara Ganança (USP - Universidade de São Paulo) |
Resumo: O presente trabalho tem como objetivo apresentar uma reflexão geral sobre o comportamento morfolexical e semântico dos prefixos do Português Brasileiro analisados em nossa dissertação de Mestrado (GANANÇA, 2017). Nos estudos de Alves, sobretudo em sua tese de Livre-Docência (ALVES, 2000), foram esboçadas algumas tendências prefixais em nosso português, tais como a criação de domínios semânticos prefixais (prefixos de negação, intensidade etc.), a ressemantização de alguns prefixos, a lexicalização de elementos prefixais e o emprego recorrente de bases lexicais de origem greco-romana em função prefixal, essas duas últimas tendências evidenciando, pois, o rompimento de barreiras entre a derivação e a composição. Em nosso estudo, buscamos verificar, em unidades lexicais neológicas prefixadas extraídas de blogues variados da internet no ano de 2014, se tais tendências esboçadas por Alves continuam a se confirmar. De modo geral, ratificamos as análises de Alves em sua Tese e apresentamos outras inovações no campo prefixal, como a associação de ex- a bases não passíveis de mudança de estado, a recategorização de super- como advérbio de intensidade, o surgimento de xenoconstituintes, como ciber-, em função prefixal, a polissemia verificada nas formações com o prefixo trans-, entre outras. Tudo isso contribui para escancarar a estreita relação entre léxico e sociedade, evidenciando a dinamicidade, a plasticidade e a vivacidade do sistema lexical do Português, em (re)construção permanente.
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