A comunicação que nos propomos apresentar, tomando a forma de um “récit de vie”, centra-se na importância que o texto biográfico pode assumir, propiciando ao investigador, ao formador ou ao produtor de materiais educativos, enquanto agentes sociais, a compreensão dos desafios pessoais, sociais, profissionais associados ao plurilinguismo, à mobilidade cultural e à abertura à Alteridade (Cf. Molinié, 2006).
Considerando a nossa própria experiência enquanto investigadores e tendo optado por um posicionamento metodológico de tipo qualitativo e interpretativo, em diferentes situações, mas, sobretudo, num estudo sobre a gestão das línguas em contexto escolar, realizado em Timor-Leste, pareceu-nos adequado arquitetar uma investigação em colaboração com os interlocutores e não sobre estes (Cf. Moore e Castellotti, 2011).
Ora, se no espaço da CPLP somos todos falantes de português, se interagimos uns com os outros, aparentemente sem grande ruído, podemos pensar que as diferenças culturais e etno-sociolinguísticas não nos afetam. Mas será efetivamente assim? Ou poderão surgir constrangimentos? Quais? Em que medida esta escrita reflexiva, própria do texto biográfico, nos permite desenvolver uma competência plurilingue e pluricultural (Cf. Coste, Moore e Zarate, 1997), salvaguardar a importância dos contextos e promover a abertura à Alteridade (Cf. Blanchet, et Asselah-Rahal, 2008; Maurer, 2011)?
São, pois, estas as questões para as quais procuraremos apontar respostas.