Carnavalização de Caramuru e o papel feminino | Autores: Adriana Sul Santana (UFG - UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS) ; Herick Rodrigues Araújo (UFG - UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS) |
Resumo: Trata-se de uma análise das narrativas de fundação do Brasil com o propósito de identificar como um discurso desenvolvido sobre os tipos e mitos da brasilidade pode ser revogado por meio do procedimento paródico, servindo-se do estranhamento para romper a relação de cumplicidade ética e estética estabelecida, num verdadeiro clima de carnavalização para, ao final, fazer uma crítica num enfoque feminino. Para tanto, o objeto de análise é a presença de Diogo Álvares como herói de uma epopeia literária do século XVIII intitulada Caramuru, publicada em 1781, em Lisboa, por obra de Frei José de Santa Rita Durão, seguindo-se à análise deste poema adaptado no filme Caramuru, a invenção do Brasil (2001), com roteiro de Guel Arraes e Jorge Furtado, lançado em comemoração dos 500 anos do descobrimento do Brasil. Serão apresentadas as principais características das obras selecionadas, seu enredo e estrutura, perpassando, linearmente, os conceitos da carnavalização e seus efeitos de sentido na obra. A leitura do texto aqui contemplado partirá do pensamento da época, atentando-se para o lugar em que se inscreve a pretensa epopéia nos dois contextos envolvidos na trama narrativa, para o duplo lugar cultural e discursivo de onde fala o poema (o europeu e o indígena) e para a tomada de posição do sujeito da enunciação diante do discurso político e ideológico dentro dos percursos da colonização. A perspectiva feminina será analisada num recorte didático do método sobre a questão da sexualização do corpus feminino (FONSECA, 2017), conservada no filme conforme a visão paradisíaca proposta na obra de Durão. A fundamentação teórica encontra-se em Gérard Genette (1982), quanto ao domínio das relações paródicas, bem como as representações de parcelas marginais da sociedade por Hutcheon (1984;1988), além do esquema actancial de Greimas (1973) aplicado ao personagem Diogo Álvares.
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