A dimensão estética na formação de professores em Moçambique
Epígrafe: «O homem necessitado não tem sentido para o Belo» (Iuri Lotman)
O presente texto, de índole ensaística, enquadra-se no âmbito do SIMELP-VII e comporta duas partes: uma, relativa à contextualização do conceito de estética e outra, relacionada com a formação de professores e os valores estéticos inerentes: Suportar-se-á de citações de certos autores do passado e de alguns, do presente, sem se pretender fazer a inventariação do pensamento destes, mas sim com o propósito de estabelecimento de «pontes».
São considerados por isso, nesta apresentação, os indispensáveis dados históricos e filosóficos, sem excederem os limites de breves indicações, pressupondo um certo conhecimento prévio destas matérias, por parte dos presentes.
Para a abordagem da dimensão estética do Homem, em geral (e na formação dos professores em Moçambique, em particular), importa considerar que ela se relaciona com a personalidade do sujeito e é também uma questão de valor, enquadrando-se no que podemos chamar de necessidades básicas do Homem, a um nível secundário (complemento das necessidades primárias, como veremos mais adiante).
Como refere DICKE (2008:15) «as questões que fazem parte do campo da estética desenvolveram-se a partir de preocupações congénitas na história do pensamento: a teoria da beleza e a teoria da arte», discutidas por Platão. Entretanto, é importante tomar em linha de conta que os problemas e as teorias da estética evoluíram ao longo da História, desde a Antiguidade Clássica Grega (com Platão e Aristóteles, como se constata, até à actualidade, com Kant e outros).