Este trabalho se propõe a investigar os modos de constituição da subjetividade transexual frente às relações de poder-saber na contemporaneidade, tendo por base discursos veiculados pela mídia, mais especificamente por jornais digitais. O estudo tem como fundamento os postulados teórico-metodológicos da Análise do Discurso de linha francesa, especialmente aqueles voltados para o exame da constituição discursiva do sujeito e da sexualidade desenvolvidos pelo filósofo Michel Foucault. Assim sendo, a metodologia adotada baseia-se no método arqueogenealógico, que prima por uma análise histórico-cultural do Discurso e dos processos de subjetivação, examinando de que modo as relações de poder-saber atravessam o processo de subjetivação. As notícias e/ou reportagens selecionadas são do ano de 2018 e tratam de transexuais masculinos e femininos. Optou-se por fazer uma seleção de temas variados, de modo que os textos abordam tanto casos de violência, quanto de conquistas para a comunidade trans. A análise parcial do corpus aponta o discurso midiático como um lugar de práticas discursivas em que os sujeitos transexuais materializam formas de resistência às diferentes relações de poder que objetivam seus corpos. Tais formas de resistência materializam-se em discursos e práticas sociais combativas às diversas formas de interdição e violência sofridas por essas pessoas.  Espera-se, ao final da pesquisa, visualizar de forma mais clara de que modo o corpo aparece na mídia como lugar de resistência aos discursos normativos que regulam os papéis de gênero em nossa sociedade, para que, assim, este estudo possa contribuir mais significativamente para as discussões sobre gênero e sexualidade na Análise do Discurso.