Buscamos compartilhar aqui reflexões sobre a epistemologia, impacto social e validade envolvidos em um tema de pesquisa por nós intitulado “Acessibilidade Textual e Terminológica”, doravante ATT. Esse tema tem ocupado o nosso grupo de pesquisa em diferentes frentes, desde 2016, na linha de investigação “Lexicografia, Terminologia e Tradução” junto ao Programa de Pós-Graduação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Pelo viés da ATT, com apoio computacional, via Linguística de Corpus (LC) e Processamento da Linguagem Natural (PLN), temos analisado estruturas de textos, discursos, terminologias, vocabulários e convenções de escrita de diferentes áreas do conhecimento humano tendo em mente subsidiar a facilitação da compreensão de informações escritas por parte de leitores brasileiros adultos que têm pouca experiência com textos de temática científica e que tenham escolaridade limitada, equivalente ao Ensino Fundamental completo. Temos explorado os temas da “leiturabilidade”, complexidade e simplificação textuais, aproximando-nos também dos tópicos das Humanidades Digitais – dado que trabalhamos com textos antigos impressos em português - e da Tradução Intralinguística, pois associamos os processos de simplificação e/ou reformulação de textos sobre temas de Utilidade Pública a uma tradução “interna”, a qual estabelece o percurso de um português “erudito” para um português “comum”. Para ilustrar o tipo de investigação em curso, temos a descrição do vocabulário mais recorrente em um livro de Medicina escrito em português no século XVIII, cuja proposta era a auxiliar leitores de erudição limitada, e um material atual da Sociedade Brasileira de Pediatria, destinado a público leigo. Ambos os materiais, tratados como corpora, são examinados a partir do vocabulário que exibem em torno do eixo temático “atendimento do recém-nascido e da mãe”. Ao final dessa ilustração, discutimos os papéis da LC, do PLN e dos estudos de Terminologia para o enfoque da ATT.