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Simpósio Mundial de Estudos de Língua Portuguesa
Resumo


A designação verbo defectivo, irregulares e anômalos na tradição gramatical latino-portuguesa

Autores:
Jorge Viana de Moraes (IFSP - Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia)

Resumo:

O objetivo deste trabalho é apresentar características e definições relativas às terminologias verbo irregular, defectivo e anômalo registradas nos principais instrumentos linguísticos do português entre os sécs. XVI e XX. O retrospecto iniciará com as Institutiones de Álvares (1572), passará pelas principais gramáticas portuguesas, como Oliveira (1536) e Roboredo (1619), e será concluído com as brasileiras, a partir de Fortes (1816). O trabalho discute questões gramaticais na longa duração do tempo, e se inscreve no contexto da História das Ideias Linguísticas, segundo modelo de Auroux (2008), Colombat, Fournier e Puech (2017) e no campo da Historiografia Linguística, segundo Assunção, Fernandes e León (2007). Observou-se que há forte flutuação do emprego terminológico. No entanto, independentemente disso, as terminologias ora estudadas passaram a ser estabelecidas nas gramáticas portuguesas. A abordagem historiográfica se mostra privilegiada não apenas como um campo teórico capaz de nos revelar uma ampla e duradoura visão no emprego da terminologia gramatical entre verbo irregular, anômalo e defectivo, mas também se apresenta paralelamente aqui como uma metodologia adequada, auxiliar à Linguística Histórica, posto que ao comparar gramáticas diferentes na evolução dos séculos, apresenta-nos a possibilidade de acompanhar a “evolução” e a mudança dos mesmos verbos, antes considerados irregulares ou defectivos, agora descritos como regulares. É o caso do verbo soer, que, em Oliveira (1536), é regular, mas séculos depois é, em Dal (1733), defectivo. Ou verbos, antes considerados regulares, que, ao longo dos séculos, vão se mostrando progressivamente nas obras gramaticais como irregulares e defectivos. É o caso de munir e refletir, que em Figueiredo (1799) são defectivos, mas que, atualmente, são considerados irregular (refletir) e regular (munir). Neste caso, o corpus para a constatação da variação e mudança é constituído por instrumentos linguísticos, as gramáticas, que, para muitos, seriam os últimos lugares em que seria possível observar tal fenômeno.