RASURAS NA ESCRITA UNIVERSITÁRIA: DE QUE “OUTROS” É PRECISO SE DEFENDER E A QUE OUTROS É PRECISO RECORRER? | Autores: Tatiane Henrique Sousa Machado (UNIPAR - UNIVERSIDADE PARANAENSE ) |
Resumo: Existem inúmeros estudos dedicados a analisar a escrita nos anos iniciais de escolarização, contudo, poucos se dedicam à escrita no âmbito universitário, visto ainda existir no ideário de alguns que a aquisição de escrita estaria encerrada nessa etapa. Assim, a partir dessa lacuna, o presente estudo objetiva analisar a escrita universitária, especificamente, rasuras, marcas de apagamento, inserções do escrevente, resgatadas por meio do histórico do Googledocs, verificando em qual medida esse gesto sinaliza um conflito com diferentes “outros”. Para tanto, ancora-se nos pressupostos teóricos de heterogeneidades enunciativas de Authier-Revuz (1990), aliado à concepção de rasura defendida nos trabalhos, Capristano (2013), Machado (2014), Machado e Capristano (2015), reconhecendo nesse gesto um lugar em que se mostra um “tropeço” na cadeia do discurso, sinalizando o não-um. Para cumprir o objetivo, elegeu-se o tratamento metodológico vinculado ao Paradigma Indiciário, proposto por Ginzburg (1983), a partir do qual foram analisados 30 enunciados produzidos por acadêmicos do primeiro ano de Direito, por meio da ferramenta Googledocs, em atendimento à proposta de escrita de um artigo de opinião. Foi possível identificar ao longo das rasuras os seguintes “outros”: a) “outra língua/outra variedade linguística”, uma vez que entra em cena o conflito entre representações do que seria escrita em consonância com a norma padrão e escrita destoando dessa?; b) “outro sentido”, que emergiria da representação da possibilidade de diferentes atribuições de sentido ao enunciado, bem como a possibilidade de equívoco, inerente à linguagem, em função das relações sinonímicas da homofonia envolvida; c) “outro discurso”, principalmente, por haver um entrelaçamento entre as representações do que seja o discurso acadêmico/científico, discurso jurídico e o discurso do conhecimento empírico.
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