Esta pesquisa analisa livros didáticos (LDs) de Língua Portuguesa voltados para o Ensino Médio (de 1º a 3º ano) no que se refere à norma linguística adotada pelas obras como ideal de referência. Tem como foco principal a análise contrastiva das práticas normativas dos eixos de Produção de Texto e Gramática em LDs, a fim de verificar como se efetivam em ambas as áreas.
Como estratégia metodológica, trabalhamos com levantamento bibliográfico de conceitos relativos à norma linguística – norma-padrão, variedades estigmatizadas e de prestígio – nos livros didáticos e em bibliografia afim. Em seguida, analisamos nos eixos anteriormente referidos a realização das práticas normativas, entendidas como atividades cujo fim é fixar o uso de normas prescritivas.
Motiva esta pesquisa o fato atestado por Neves (2002, p. 238-239), de que a gramática nos livros didáticos, tradicionalmente tratada à parte do eixo de Produção Textual, “não mais normatiza, apenas exibe os quadros das entidades, os paradigmas, as estruturas”, enquanto que os documentos oficiais passam a orientar que o estudo de textos, orais e escritos, sejam o eixo do ensino de língua. Percebendo que, com esta mudança, as práticas normativas saem do eixo gramatical, ao qual comumente são associadas, torna-se necessário analisar i) se passam a ser realizadas no eixo de Produção Textual e a maneira que se realizam; e, como consequência da pergunta anterior, ii) qual a norma linguística adotada, tendo em vista que não se dissocia prática de linguagem de uma norma objetiva, na qual se verificam as valorações das comunidades de prática que recaem sobre a língua. Desta forma, para além dos conceitos prescritivos, a adoção de uma norma linguística revela o que a linguagem tem de principal, o seu valor identitário.
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
NEVES, Maria Helena de Moura. A gramática. História, teoria e análise, ensino. São Paulo: Editora Unesp, 2002.