No presente trabalho propomos uma investigação acerca do hipertexto na literatura contemporânea. Tomaremos como base para uma análise comparativa obras literárias brasileiras criadas especificamente para o meio digital, como Um estudo em vermelho (2009) de Marcelo Spalding, Desfocado de Mauro Paz e projetohipertexto (2017) de Gustavo Colombini e João Dias Turchi, e a obra House of Leaves (2000) do autor norte-americano Mark Z. Danielewksi, um romance impresso estruturado de maneira correlata à lógica dos hiperlinks do ambiente digital. O livro é estruturado de uma maneira insólita: percorremos uma série de narrativas encaixadas. Lemos a história de um documentário inexistente a partir dos escritos de Zampanò, velho cego, obcecado pelo documentário que nunca pôde ver. Zampanò escreve uma síntese das análises supostamente publicadas a respeito do documentário. Nós entramos em contato com os escritos de Zampanò através dos olhos de Johnny Truant, aprendiz de tatuagem que aluga o apartamento de Zampanò após a sua morte e se torna obcecado pelos escritos. O autor satiriza a escrita acadêmica, ao se apropriar de seus métodos de citação como atestado de veracidade, aplicando essa fórmula a uma série de textos inexistentes. As notas de rodapé, ora de Zampanò, ora de Truant, se acumulam e povoam todo a obra gerando um texto com diversos narradores que se sobrepõem e se acotovelam. A fim de estabelecer nossa análise tomaremos como referencial as reflexões de Arlindo Machado a respeito do livro na era digital presentes em Pré-cinemas & pós-cinemas (1997), a obra Literatura Eletrônica -  Novos Horizontes para o Literário (2009) de Katherine Hayles, assim como a teorização acerca do conceito de hiperconto de Spalding. Como conclusão demonstraremos a maneira através da qual o rompimento com a linearidade tradicionalmente imposta pela escrita é estabelecido através das novas formas de se compor e acessar a literatura na contemporaneidade.