O fenômeno da interação é o que constitui a linguagem, ou seja, é a realidade fundamental da língua (Volochinov, 2017). É somente pela interação que a linguagem acontece, isto é, nas situações de comunicação real e de uso da língua. Esta interação acontece de maneiras diferentes e, nesse processo, um diálogo é estabelecido. É nesse sentido que compreendemos que a existência do outro numa situação de interação verbal para a realização do diálogo é vital para a concretização de uso efetivo da língua, de atos de enunciação. Tendo em vista que o processo argumentativo como a apropriação de um posicionamento frente a outra posição que se efetiva no contexto dialógico é realizado por sujeitos situados sócio-historicamente e inseridos numa dada esfera discursiva, objetivamos, através deste artigo, relatar uma experiência em contexto de ensino médio de uma escola pública do Estado da Paraíba, situada em Campina Grande, envolvendo estudantes da 1ª série do Ensino Médio, a fim de refletirmos sobre o dialogismo e a valoração como mecanismo argumentativo em uma experiência que suscitou a participação dos estudantes na análise e construção da argumentação em sala de aula de Língua Portuguesa, através de debates em círculos de discussão. Para este propósito, ancoramo-nos na Análise Dialógica do Discurso (BAKHTIN, 2010, 2011, 2016; VOLOCHÍNOV, 2013, 2017; SOBRAL, 2009, BRAIT, 2010) e nos estudos realizados acerca da Argumentação (FIORIN, 2015), constatando que é na linguagem e pela linguagem dialógica e, portanto, argumentativa, por natureza, que o sujeito se constitui, fazendo uso dos tons valorativos como mecanismo de argumentação para a produção enunciativa de sentidos.