Um romance dissonante: a construção do tempo, espaço e tipos sociais em Memórias de um Sargento de Milícias | Autores: Patrícia Ferreira Miranda (UNIR - Universidade Federal de Rondônia) |
Resumo: Este trabalho tem como objetivo compreender o processo de construção do romance Memórias de um Sargento de Milícias, escrito por Manuel Antônio de Almeida e publicado em, no cenário do Romantismo Brasileiro. Para tanto, a escrita foi conduzida pela análise de aspectos relacionados à constituição do tempo, do espaço e de tipos sociais apresentados na obra. Como narrativa díspare do cânone literário de sua época – chegando a ser classificada como uma escrita descuidada por seus contemporâneos – o autor apresentou a cidade do Rio de Janeiro do século XIX de forma nunca antes vista na Literatura do país, trazendo à realidade dos becos, das camadas sociais populares e de atores sociais pujantes da identidade brasileira dos anos oitocentos. Para tanto, enquanto estudo qualitativo, a investigação contou, sobretudo, com a revisão do arcabouço teórico e crítico da Literatura Brasileira. A análise depreendida demonstrou que a obra almeidiana em questão apresenta-se à margem da produção literária da época, justamente, pela inovação criativa em múltiplos sentidos, mas, principalmente, por dedicar-se a tratar da “camada sórdida” de uma sociedade em processo de construção identitária. Dotado de, aparentemente, completa despretensão literária, Memórias de um Sargento de Milícias firmou-se como obra que retratou a realidade de muitos brasileiros da época, ambientados em um tempo-espaço repletos de disparidades, hibridismos culturais e idiossincrasias.
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