Por observarmos, por meio de pesquisas realizadas no grupo LEIAM, a linguagem como elemento central para compreender fatos sociais inscritos em práticas sociais situadas, inquietamo-nos em verificar a (des)articulação entre os conhecimentos das práticas letradas acadêmicas e as práticas de formação docente de alunos da disciplina de Estágio Curricular Supervisionado I, II e IV em uma universidade pública paranaense e reconhecer as identidades de futuro professor construídas nos estágios. Para tanto, partimos dos pressupostos teórico-metodológicos dos Novos Estudos do Letramento (STREET, 1984) e da Etnografia da Linguagem (GARCEZ; SCHULZ, 2015). Consideramos que as práticas letradas são constitutivas da identidade e pessoalidade, ou seja, toda e qualquer forma de leitura e escrita que aprendemos e usamos está associada a determinadas identidades e expectativas sociais acerca de modelos de comportamento e papéis a desempenhar (STREET, 2006, p. 466). Nessa perspectiva, aprender o letramento acadêmico significa apreender modelos de comportamento, papéis e identidades relacionados com as formas de participação nas práticas letradas acadêmicas. A pesquisa é de natureza qualitativa e de base interpretativista, consolidando-se como uma etnografia da linguagem (GARCEZ; SCHULZ, 2015; VIEIRA; FIAD, 2015). O procedimento envolveu a geração de dados etnográficos em três turmas de estágio, por meio de análise de produção escrita, entrevistas semiestruturadas e gravação e transcrição de áudios de sessões reflexivas. Os resultados apontaram para o espaço dos estágios como um entrelugar, devido ao fato de contribuir para a constituição de identidade docente e, ao mesmo tempo, poder distancia-lo do ser-professor.