O presente trabalho elege como objeto de estudo a construção nominalizadora de particípio presente (CORDEIRO, 2017), responsável pela formação de adjetivos e substantivos no Português Brasileiro, que tem como representação formal o esquema [[X]V –nte]. O objetivo geral desta pesquisa é tratar de aspectos cognitivos relacionados ao uso de adjetivos deverbais licenciados pela construção. De modo específico, pretende-se explicar como esses nomes ativam, na interação, frames interpretativos (FILLMORE, 1982) quer sejam relacionados à semântica da base verbal, quer sejam evocados pelo adjetivo no contexto. Assume-se que formas linguísticas representam, grosso modo, as conceptualizações construídas pelos falantes a partir das nossas experiências com o mundo. O arcabouço teórico utilizado é o da Linguística Funcional Centrada no Uso, assim como caracterizado por Furtado da Cunha, Bispo e Silva (2013), corrente teórica que incorpora pressupostos da Linguística Cognitiva. Recorre-se ainda aos pressupostos da Gramática de Construções (GOLDBERG, 1995, 2006; TRAUGOTT; TROUSDALE, 2013). Trata-se de uma pesquisa de abordagem quali-quantitativa e, segundo os objetivos elencados, de caráter descritivo-explicativa. Os dados foram retirados do Corpus Discurso & Gramática, das seções Natal e Rio de Janeiro, e do Corpus Eletrônico de Documentos Históricos do Sertão (CE-DOHS) e representam a língua efetivamente em uso no século XX. Os resultados preliminares permitem afirmar que os frames interpretativos acionados pela base verbal do adjetivo não são suficientes para determinar os sentidos construídos pelos adjetivos nos contextos em que ocorrem.  Isso implica dizer que, a depender dos sentidos instaurados na interação, diferentes frames interpretativos são evocados, assim como em alguns usos não há transparência total entre o sentido dos adjetivos e os frames perfilados pela base verbal. A extensão de sentidos observada no uso de adjetivos formados pela construção é possibilitada também pelas projeções metafóricas e metonímicas.