Nosso objetivo neste trabalho é refletir, com base nos estudos discursivos, sobre as concepções de autoria e co-autoria a partir dos registros da nossa prática de orientação de trabalhos acadêmicos que, por sua vez, permeiam atividades de leitura, escrita, releitura e reescrita. Talvez vivenciamos um dos contextos sociais e culturais mais fecundos no que diz respeito à existência ou à ausência do autor. O desenvolvimento tecnológico democratizou o acesso aos textos antes guardados em bibliotecas, mas também possibilitou que textos e autores se distanciassem. No mundo acadêmico, o conceito de autoria envolve maior controle, legalidade e estabilidade. Barthes (2004) e Foucault (2001) se complementam ao elucidarem o que é o autor: para o primeiro, o autor dá ao texto sua segurança e à escrita seu fechamento; para o segundo, o autor funciona como um princípio de agrupamento e coerência do discurso. Se um controle é necessário para o escrito é porque ele se movimenta no lugar da dispersão de vozes e de discursos. Nos gêneros acadêmicos colocam-se em relação a repetição – texto como um tecido de citações (BARTHES, 2004) – e a individualidade. A função de autoria é uma função institucional, e academicamente o professor-orientador assume esse lugar de vigilância, controle e organização das escrituras de seus alunos, compartilhando a responsabilidade e a responsividade (BAKHTIN, 2010) dos textos. Ora se utilizando da caneta em papel nas margens do texto impresso, ora do revisor do Microsoft Word, ora das várias cores de realce no próprio documento salvo em docx., o orientador se posiciona não como um mero leitor desavisado, mas como um comentador e avaliador do que foi escrito, como a autoridade capaz de legitimar o que foi materializado enquanto texto acadêmico ou não. Como resultados parciais, elencamos as regularidades quanto aos gêneros orientados, inadequações linguístico-textuais e comentários do professor-orientador.