O trabalho aborda a concepção de verbo para Bernardo de Lima e Melo Barcelar (1736-1787), na “Grammatica philosophica, e orthographia racional da lingua portugueza” (1783), e para Jeronimo Soares Barbosa (1737-1816), na “Grammatica Philosophica da Lingua Portugueza” (1822). O objetivo é examinar, interpretar e explicar o conceito de verbo, considerando as semelhanças e diferenças na abordagem da classificação entre as duas gramáticas. Com base em pressupostos da História das Ideias Linguísticas, segundo Auroux (1998a, 1998b, 2009) e Colombat, Fournier e Puech (2017), essas duas obras são estudadas como instrumento linguístico, que registra o saber metalinguístico de certa época, por meio da descrição de um corpo de regras que não se restringe a um único falante. Assim, é abordado o significado de verbo para Bernardo de Lima e Melo Barcelar, destacando a definição de verbo como ação gramatical que representa uma afirmação com pessoa, número, tempo e modo, podendo ser classificado como ativo, passivo, neutro, reciproco, regular, irregular ou defectivo. Também é descrito e interpretado o conceito de verbo para Barbosa, o qual afirma que o verbo é uma parte conjuntiva do discurso, composto por acidentes (modo, tempo, número e pessoa), dividido em três tipos: substantivo, auxiliares e adjetivos (divide-se em várias espécies: transitivo ou intransitivo; pessoal ou impessoal; simples ou composto). E por meio dessa comparação interpretativa entre as duas abordagens, é analisado as mudanças na compreensão do conceito do verbo na gramática portuguesa.