Esta pesquisa, desenvolvida no interior do Grupo de Pesquisa Leitura e Produção de Discursos (UFLA-CNPq), tem por objetivo estudar aqueles discursos considerados atópicos, portanto discursos que não possuem um território específico no universo discursivo, mas que atravessam de forma sutil os discursos tópicos. Nesse sentido, buscamos entender como tais discursos se constroem, como constituem os posicionamentos dos enunciadores e de que forma estabelecem relações de poder entre os diversos grupos sociais. Somamos a esses objetivos, a proposta de trabalhar com categorias que também possam ser vistas como estratégias de leitura, tomando-a como prática social e contribuindo para a formação de leitores críticos. Tal estudo se encontra no entorno da problemática ligada aos discursos que, de alguma forma, revelam uma violência como os discursos do riso, do racismo, do machismo entre outros, que contribuem para uma escalada de efeitos de sentidos marcados pela intolerância. No espaço teórico da análise do discurso, buscamos princípios e categorias como interdiscurso, ethos, cenas de enunciação, estereótipo. Para efetivar nossos trabalhos, constituímos um corpus a partir da materialidade discursiva de várias modalidades midiáticas como a imprensa, a publicidade, redes sociais etc. Como resultados, ainda que parciais, temos a presença de discursos considerados atópicos funcionando de forma parasitaria em discursos que são legitimados socialmente. Discursos que vivem à margem, pois não são assumidos por seus enunciadores, mas constituem os posicionamentos, organizando estereótipos marcados negativamente e os lugares que os grupos sociais devem ocupar na sociedade marcados pelas relações de poder. Dessa forma, tais posicionamentos perpetuam a violência tanto como ato como discurso. Por fim, as categorias vistas como estratégias de leitura têm se mostrado eficiente para serem aplicados em processos de formação de leitores críticos.