A pesquisa em questão foi circunscrita às produções literárias populares no cenário brasileiro de Oitocentos, tais como: o Manual epistolar galante, ou Carcaz de flexas amatorias (1839), por Damião Casamenteiro e, em especial, o Dicionário da Linguagem das Flores (1869). Essa investigação se deu a partir da circulação dessas obras em um período que vai da metade do século XIX ao início do século XX, em um espaço temporal de 40 anos, com ênfase nas décadas de 1880, 1890, 1900 e 1910, visto que a grande produção, circulação e vendagem desses títulos populares tiveram seu maior destaque durante esse período (Cf. EL FAR, 2004). Dessa maneira a predileção por tais gêneros literários perpassa pela possibilidade de compreensão da perspectiva do amor e do erotismo, uma vez que são exemplares tanto da literatura cortês quanto da pornografia que “corria pelas mãos dos leitores”. Além da circulação dessas literaturas, também foram analisadas a reverberação delas nas comunidades leitoras a partir das relações de representação e apropriação Chartier (2004). Assim, reconhecemos na construção heteróclita desse cenário livreiro, no século XIX, a pluralidade de produções literárias e a diversidade das práticas de leituras, no que diz respeito à temática do amor e da pornografia.