Bastante polêmicas e controversas, as fake news têm provocado no corpo social uma série de conflitos, sobretudo quando produzidas com conteúdo pautado nas noções de gênero e sexualidade. Diante disso, neste trabalho pretendemos analisar discursivamente uma notícia que circulou nas mídias sociais sobre uma suposta proposta do Ministério da Educação em criar o programa Banheiro Infantil Unissex em 2018 nas escolas públicas brasileiras. A informação foi desmentida pelo site e-Farsas, página na web especialista em checar os fatos inverídicos e suspeitos. Embora desfeita, a verdade construída a partir de uma fake news suscita o debate acerca do complexo conceito de verdade de Michel Foucault ao pôr em evidência jogos que brincam com o verdadeiro e o falso, além de expor condutas éticas e morais que implicam diretamente na produção desse material danoso sociopoliticamente, haja vista a demonização das discussões de gênero e sexualidade. A metodologia utilizada é a abordagem qualitativa, de cunho descritivo-interpretativo e o nosso suporte teórico-metodológico é composto pelas contribuições do Michel Foucault para a Análise do Discurso Foucaultiana, especificamente no que respeita à arquegenealogia. Traremos à baila a discussão em torno da verdade, ética e moral elaboradas por Foucault (1971; 1979; 1983) e seus comentadores, tal como Gregolin (2006), para substanciar a análise discursiva. Por se tratar de um tema recente nos debates acadêmicos, discutir fake news também exige de nós um olhar para o conceito de pós-verdade, uma vez que consideramos ambos os fenômenos associados. Para isso, pretendemos formular nossa discussão a partir das colaborações de Dunker (2017), Safatle (2017), Ferrari (2018), entre outros.