PAREM DE NOS MATAR! REGISTROS DA PRODUÇÃO DISCURSIVA DO TRANSFEMINICÍDIO NA WEB | Autores: Francisco Vieira da Silva (UFERSA - Universidade Federal Rural do Semi-Árido ) |
Resumo:
- O Brasil se apresenta como um dos países que mais mata integrantes da população LGBTQI+. Dentre os principais fatores que ocasionam tal problemática, é possível citar o rastro de violência e brutalidade que assinala a construção histórica do Brasil e o recrudescimento de setores conservadores da sociedade os quais insuflam o ódio e a intolerância contra os que desafiam os binarismos de gênero e o padrão heteronormativo. Ainda que gays e lésbicas, de uma maneira geral, sejam vítimas de toda sorte de violências, é sobre o corpo dos sujeitos trans e travestis que pesa com mais força a crueldade do poder patriarcal. Daí o fato de alguns pesquisadores de área de gênero e ativistas da causa trans advogarem em favor do emprego do termo transfeminicídio, para designar que a morte expressiva de sujeitos trans articula-se também ao marcador gênero, ou seja, às diversas formas de os sujeitos experienciarem as feminilidades, e não apenas à orientação sexual. Assim, o presente texto objetiva investigar, por meio da análise de materialidades discursivas disponíveis na web, as relações de saber-poder e as estratégias de resistência que fazem funcionar a produção discursiva do transfeminicídio. Para tanto, pautamo-nos nas teorizações arquegenealógicas de Michel Foucault acerca do discurso, do enunciado, do saber, do poder e da resistência. O corpus de análise é composto por séries enunciativas formadas a partir de notícias que circularam em sites na web, em 2018, sobre a morte de sujeitos trans e por duas matérias publicadas no site Esquerda Diário (2018). As análises sinalizam que as notícias tratam a morte de sujeitos trans como casos banais de violência, enquanto as matérias do Esquerda Diário constituem estratégias de resistência que problematizam esses assassinatos como corolários de um projeto de eliminação sistemática da população trans.
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