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| O conteúdo do silêncio | Autores: Gigliola Damo Córdova (SEEDF - Secretaria de Estado de Educação) |
Resumo: O objetivo do trabalho foi investigar provável ocorrência de audismo em escola de Brasília, Distrito Federal. Para tanto, uma análise de conteúdo foi realizada, com entrevistas coletivas e individuais. Em um jogo de futsal entre turmas das séries finais do ensino fundamental de uma escola inclusiva do Distrito Federal, última partida do campeonato, torcidas muito empolgadas, estudantes entre 11 e 15 anos jogavam sob arbitragem surda, com juiz surdo profundo, implantado do lado direito, popular entre os colegas por seu espírito amistoso e alegre. A arbitragem fazia parte da avaliação bimestral da disciplina de Educação Física e a atuação do juiz, escolhido aleatoriamente entre os estudantes para cada partida, era mensurada pelo mesmo critério que os jogadores: conhecer as regras do jogo. Equipes e torcidas de maioria ouvinte agiam durante todo o campeonato tal qual em campeonatos oficiais, ou seja, questionavam as decisões arbitradas, alertavam o juiz de pontuais erros, reclamavam das marcações, tudo dentro do espírito esportivo e com bastante euforia. O jogo em questão correu normalmente; no entanto, o juiz surdo não foi questionado, em absolutamente nenhum momento, pela torcida ou pelos jogadores. Suas decisões, acertadas ou erradas, foram acatadas e não houve manifestação contrária da torcida ou de time adversário. Esse fato causou estranheza na pesquisadora, que questionou os estudantes; porém, os alunos não foram capazes de elaborar uma justificativa para o fenômeno, visto que conheciam as regras do jogo e que questionaram os demais juízes (ouvintes).A fim de esclarecer esse evento aparentemente inexplicável e caracterizado pela ausência de comunicação, a pesquisadora analisou o episódio do ponto de vista comunicativo, eliminou a possibilidades de bullying e de preconceito racial e suspeita que se trate de um paradigma estabelecido socialmente, conhecido como audismo, que se manifesta na atitude em tratar o surdo como alguém que necessite de compaixão.
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