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Simpósio Mundial de Estudos de Língua Portuguesa
Resumo


A crônica de Graciliano Ramos: de laboratório literário a instrumento de resistência e dissidência do Estado Novo

Autores:
Francisco Fábio Pinheiro de Vasconcelos (UEFS - Universidade Estadual de Feira de Santana)

Resumo:

As crônicas publicadas por Graciliano Ramos e reunidas postumamente em Linhas Tortas e Viventes das Alagoas serviram como meio de laboratório literáro  paro o autor alagoano no início de sua carreira literária. Mais tarde esse mesmo gênero será utilizado como meio de sobrevivência, espaço de reflexão literária e divulgação do pensamento crítico-estético do cronista. Em Viventes das Alagoas aparecem os textos produzidos para a revista Cultura Política, publlicação subordinada ao Departamento de Imprena e Propaganda da ditadura Vargas. Busca-se, portanto, analisar essas crônicas em especial, a agência e seu papel no Estado Novo; e investigar as circunstâncias que levaram Graciliano Ramos a colaborar por quatro anos em um Aparelho Ideológico do Estado Novo, regime que o encarcerou sem processo. Para alguns estudiosos  a colaboração se deveu a necessidade econômica, ja que ele vivia um momento de penúria finaceira; Para outros, há insinuações de cooptação do escritor pelo Estado Novo, vilumbra-se também um certo alinhamento ao projeto político-ideológico estado-novista. Ao analisá-las com acuidade percebeu-se que o autor de Vidas Secas usa da ironia, do tom acrimonioso que deconstroe o projeto de nacionalidade  estado-novista e, portanto, esvaizam-se as insinuações de emparelhamento do escritor ao projeto cultural da revista. Nessas crônicas a resistência política e ideológica do autor é notada não apenas pela sua fidelidade a geografia física e humana do sertão, mas também pelo uso da ironia fina que descortina o projeto nacionalista do estado Novo.