O OBJETO NULO NO ESPAÇO PORTUGUÊS TRANSATLÂNTICO (CABO VERDE, GUINÉ BISSAU, SENEGAL, SÃO TOMÉ, BRASIL) | Autores: Alexander Yao Cobbinah (USP - Universidade de São Paulo) ; Maria Cristina Vieira de Figueiredo Silva (UFBA - Universidade Federal da Bahia) |
Resumo: Nesta comunicação, apresentamos os resultados da pesquisa sobre a realização variável do objeto direto anafórico de 3ª pessoa, com a finalidade de verificar a frequência de objetos nulos (crioulo casamancês: i na korta fruta, i na puy Ø na si camisa ‘ele corta fruta, ele põe Ø na camisa dele’), e os fatores que condicionam a sua realização em: (i) variedades do português que, em sua história, registra-se o contato entre línguas, sobretudo com as africanas e, (ii) línguas crioulas de base portuguesa faladas na África Ocidental. Embora objeto nulo (ON) seja bastante investigado no português brasileiro (CYRINO, 1997; FIGUEIREDO, 2009), pouco se sabe sobre a temática nas línguas crioulas de base portuguesa. Adotamos a hipótese de que a alta frequência de ONs (COBBINAH, no prelo) em línguas do grupo joola e baïnounk (família Atlântica/ Nigero-Congolês), faladas na costa do continente africano, entre o Senegal e a Guiné Bissau, influenciou a taxa de ON nas línguas crioulas da região (guineense, cabo-verdiano, casamancês) e, através do comércio transatlântico, possivelmente as variedades portuguesas ultramarinas. Buscando testar essa hipótese, são comparados os resultados da análise do português rural afro-brasileiro (Bahia), do português da ilha de São Tomé (Monte Café e Almoxarife) e dos crioulos de base portuguesa: o cabo-verdiano (São Vicente e Santo Antão) e os de Casamansa (Senegal) e da Guiné Bissau. Foram coletadas, nos corpora, dados referentes às quatro estratégias de retomada anafórica, ON, clítico, pronome forte e repetição do SN, que foram analisadas usando noções teóricas funcionalistas quanto ao traço de animacidade e de especificidade do antecedente, e quanto à estrutura sintática em que as estratégias ocorrem. Resultados parciais revelam que o ON é a estratégia mais realizada nas línguas investigadas, com percentuais bastante significativos e sua realização é favorecida principalmente pelos traços [-animado, +específico] do antecedente.
|
|