Este trabalho apresenta um estudo que se propôs a investigar por que o aluno da Educação Básica busca escrever sobre o que está fora quando há o que dizer sobre o que está dentro da escola. O escrever sobre o que está fora reflete, muitas vezes, o movimento de repetir o já dito, decorrente da prática de buscar especialmente argumentos de autoridade, sobre assuntos desvinculados de sua realidade social mais próxima. Por que é mais natural para o estudante repetir o que já foi dito do que escrever sobre o que só ele mesmo, o estudante-autor, pode contar? Para realizar a investigação, oferecemos a disciplina “Produção Textual: o depoimento pessoal como fio condutor para a organização de ideias” para alunos do Ensino Médio do Colégio de Aplicação da UFRGS em caráter eletivo. Os textos produzidos buscaram qualificar o conhecimento que está perto a partir do relato pessoal, nos moldes da proposta de Guedes (2009), que utiliza quatro Qualidades Discursivas no exercício da produção e da análise textuais, quais sejam: Unidade Temática, Objetividade, Questionamento e Concretude. A pesquisa insere-se no âmbito pesquisa-ação; o olhar para os dados foi realizado por meio de análise qualitativa, comparando-se textos escritos e reescritos pelos alunos inscritos na disciplina eletiva. Além disso, a proposta buscou, especialmente, contribuir com o aprimoramento das produções textuais dos estudantes. A análise dos dados aponta para o seguinte: o espaço de uma disciplina eletiva é insuficiente para resultados relevantes para construção da subjetividade; no entanto, ainda que em um curto espaço de tempo, foi possível assinalar aspectos importantes relacionados à prática de produção de textos guiada pelas Qualidades Discursivas e pela leitura pública dos textos.