Ator coletivo manifestante de rua e historicidade: das Jornadas de Junho de 2013 aos Protestos de Março de 2015 - contribuições semióticas para as ciências sociais e para o campo da educação | Autores: Marcos Rogério Martins Costa (USP - Universidade de São Paulo) |
Resumo: O objetivo deste trabalho é depreender as relações actanciais e actoriais que perpassam a historicidade do ator coletivo manifestante de rua em dois fenômenos discursivos: as Jornadas de Junho, ocorridas em 2013, e os Protestos de Março, acontecidos em 2015. Como corpus, selecionamos textos jornalísticos impressos, tratando das manifestações de rua acontecidas na cidade de São Paulo-SP, publicados em junho de 2013 e março de 2015 em dois periódicos: Folha de São Paulo e O Estado de São Paulo. Escolhemos os dois fenômenos, porque eles representam as duas maiores mobilizações populares de rua do período de redemocradização brasileiro, marcando historicamente a política do Brasil (SECCO, 2013; NOBRE, 2015; ALONSO, 2016). A partir do percurso gerativo do sentido (GREIMAS; COURTÉS, 2008) e dos desdobramentos tensivos (FONTANILLE; ZILBERBERG, 2001), consideramos o conceito de ator coletivo como um feixe de esquemas actanciais que podem ser narrativizados como adjuvante ou oponente de contratos enunciativos e que, depois de discursivizados, servem como testemunha e força de argumento para fortalecer ou destituir axiologias e ideologias. Com a análise dos textos jornalísticos, depreendemos que o ator do enunciado manifestante de rua foi construído de distintas maneiras, sustentando dois perfis de ator coletivo: o generalizado e o personalizado. No perfil generalizado, é mais homogêneo, menos autônomo e tem maior centralidade das concepções de mundo. Já no perfil personalizado, é mais heterogêneo, mais autônomo e tem maior pluralidade de concepções de mundo. No âmbito da educação, o ensino e a aprendizagem dessa perspectivação do ator coletivo manifestante de rua dá fomento a uma análise descritiva e crítica dos fenômenos da História recente dos movimentos sociais brasileiros, sem decair em interpretações psicologistas e sociológicas reducionistas. Eis a contribuição da semiótica discursiva para as ciências sociais e para o campo da Educação.
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