A CONSTRUÇÃO E CONSTITUIÇÃO DO SUJEITO NEGRO DO MARABAIXO MACAPAENSE | Autores: Ednaldo Tartaglia Santos (UNIFAP - UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAPÁ) |
Resumo: O Marabaixo ou Ciclo do Marabaixo é o maior evento folclórico do Estado do Amapá (Brasil) e se constitui por fé, músicas, cantigas, bebidas, folias, ladainhas, missas, fogos, cortejos, dramatizações e promessas. Grupos minoritários remanescentes de escravos e de refugiados negros do Amapá cultuam o Ciclo que acontece, principalmente, nos municípios de Mazagão e Santana, bem como na capital do Estado, Macapá. Na capital, o Ciclo do Marabaixo consiste em um período de festas destinado ao culto do Divino Espírito Santo e da Santíssima Trindade, elementos do catolicismo (Romano) que se fundem com elementos religiosos de matrizes africanas. O objetivo deste trabalho consiste em analisar como os negros do Marabaixo urbano de Macapá se constituem como sujeitos discursivos, levando em consideração o poder religioso de deslegitimação das práticas de Marabaixo pela Igreja, bem como o movimento de resistência dos sujeitos negros a esse processo. Assim, este trabalho se filia à análise discursiva de linha foucaultiana e são mobilizados os conceituais de sujeito, poder e dispositivo. Selecionamos e analisamos sequências enunciativas retiradas de textos de jornal impresso, livros, blog e reportagem televisiva que circularam entre os séculos XIX e XXI. O movimento descritivo-analítico sinaliza que a Igreja deslegitimou os sujeitos negros e suas práticas discursivo-ritualísticas por meio de objetivações desses sujeitos e de suas práticas, tidas, na sociedade brasileira católica, como profanas e imorais. Nossa análise aponta que os sujeitos negros mantiveram resistentes aos processos de subjetivação e de silenciamento executados pela Igreja, além do mais, esses processos de resistência, possivelmente, colaboraram para a construção de uma identidade dos sujeitos negros do Marabaixo macapaense.
Agência de fomento: CAPES (PRODOUTORAL) |
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