Finca-se a proposta num despretensioso rastreamento da evolução histórica do formativo es- ~ ex-, do latim ao galego-português medieval e, deste, inflectindo-se à língua moderna e contemporânea, período no qual incrementa a sua vitalidade. Para tanto, a partir de uma leitura crítica das incursões teórico-analíticas de Soledade (2013a; 2013b; 2015a; 2015b; 2016; 2017; 2018), Simões Neto (2016a; 2016b; 2017a; 2017b) e Lopes (2016a; 2016b; 2018a), lança-se mão de um recurso a um modelo morfológico holístico (LOPES, 2018b), que tenciona conjugar o esteio das propostas da Gramática das Construções de Goldberg (1995; 2003; 2006) e da Morfologia Construcional de Booij (2010; 2012; 2013; 2015; 2017; 2018) à devida apreciação do fator histórico que perpassa e caracteriza todo e qualquer fenômeno linguístico (RIO-TORTO, 2014; 1998; GMHP, 2014; VIARO, 2010; 2009; MARTÍN GARCÍA & VARELA ORTEGA, 2012). A partir de dados extraídos de gramáticas históricas, dicionários etimológicos e, sobretudo, de um corpus empírico constituído por meia centena de documentos do galego-português arcaico e de vários outros de seu período moderno e contemporâneo, apresentar-se-á um esquema construcional diacrônico unificado (do latim ao português atual) para o elemento prefixal em tela, explicitando-se também a formação paulatina de sua rede polissêmica, mormente no período moderno, quando passa a reativar em um conjunto considerável de derivados o sentido de ‘cessação’, ou seja, ‘que era X e já não é mais’. Concomitantemente a uma apreciação semântica do formativo, apontar-se-á também um rol de observações quanto à sua manifestação formal e ao seu comportamento funcional, bem como a respeito de sua produtividade e vitalidade. Os resultados obtidos corroboram a validade de uma abordagem morfológica que considera simbioticamente história, empiria, cognição e conhecimento enciclopédico na análise de operações prefixais, tendo em vista um olhar mais dinâmico, integrador e eficiente sobre o complexo e multiaxífero domínio da lexicogênese.