Desde sempre as populações migram e tal movimento possui variados objetivos, vão desde a busca por qualidade de vida até a manutenção desta. O Brasil recebeu, em sua história, diversos grupos migratórios, estes adentraram fronteiras cada qual com uma motivação: de maneira compulsória, como os africanos da diáspora; foragidos das perseguições políticas e religiosas, das guerras, e das catástrofes naturais. Em 2010, o Haiti passou por uma destas calamidades, tendo sido atingido por um terremoto de grande magnitude, seguido de um tsunami, que arrasaram a ilha. Após tal evento calamitoso, houve um movimento migratório, rumo à países que pudessem fornecer condições de trabalho, de sustento de familiares que ficaram. Em 2015, uma estudante de Letras da UFMG conheceu um dos grupos e articulou um espaço dentro da universidade para que pudéssemos lecionar. Houve cessão de uma sala no Colégio Técnico da UFMG, embora a instituição ainda não tivesse naquele primeiro momento abarcado/lastreado a nossa proposta. Em 2016, o projeto conseguiu apoio de um professor da Faculdade de Letras e da Diretoria de Relações Internacionais e, desde então, tem recebido alunos de outras nacionalidades. Este trabalho tem como objetivo, em particular, compartilhar reflexões e experiências sobre o ensino de língua portuguesa como língua de acolhimento. O contato com tais experiências nos permitiu perceber as nossas questões e barreiras com relação aos imigrantes (este “outro radical”), estas que ultimamente têm sido evidenciadas – com o aumento da violência contra eles – nos últimos anos. Sobre isso, recuperamos o pensamento derridiano sobre hospitalidade/hostilidade, constituindo-o como nosso referencial teórico para balizar nossa análises sobre o ensino de cultura brasileira e língua portuguesa, que, assim como a imigração, corresponde a um direito humano.