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Simpósio Mundial de Estudos de Língua Portuguesa
Resumo


ESTRATÉGIAS DE SABER-PODER NO PL Nº 867/2015: UMA ANÁLISE DOS PROCESSOS DE SUBJETIVAÇÃO NO DISCURSO DA ESCOLA SEM PARTIDO

Autores:
Alisson França Santos (UFS - Universidade Federal de Sergipe) ; Glêyse Santos Santana (UFS - Universidade Federal de Sergipe)

Resumo:

Historicamente, a escola tem-se efetuado como um espaço privilegiado para a produção e circulação do conhecimento. Em decorrência disso, o debate acerca de questões sociais e políticas em sala de aula e o acolhimento da diversidade de ideias desempenham papel importante na consolidação de uma sociedade democrática. Na contramão desse objetivo, acontecimentos recentes, materializados em discursos favoráveis ao movimento "Escola sem partido", buscam inibir o espaço ocupado pelo professor em sala de aula, silenciando-o e promovendo espaço para outras relações de poder. Para Haroche (1987), existe uma formação histórica que corresponde ao da nossa sociedade atual, trata-se da forma do “sujeito-de-direito”. Se, no período medieval, a sujeição do homem ao discurso religioso representa a formação histórica do sujeito daquele momento; na conjuntura atual, a submissão à palavra da lei, menos evidente, realiza a sujeição do homem moderno, dissimulada pelo sentido de autonomia e liberdade. Tendo como objeto o PL nº 867/2015, apensado ao PL nº 7180/2014 e que possui, dentre outras propostas, a inclusão do programa Escola Sem partido nas Diretrizes e Bases da Educação nacional, o objetivo de nosso trabalho consiste em compreender como os sentidos do discurso em análise são produzidos a partir de uma formação histórica do sujeito-de-direito. Para tanto, utilizamo-nos dos pressupostos teóricos da Análise de Discurso com base nos postulados de Pêcheux ([1975]1997), Orlandi (2005, 2007) e na análise arquegenealógica de Michel Foucault ([2014]1970, [2010]1975, 1979), trazendo noções como as de “disciplina”, “ordem do discurso” “verdade”, “subjetividade” e “saber-poder”. Por meio do trabalho realizado, observamos como o discurso em análise retoma discursos anteriores, mais especificamente de regimes autoritários. Tal discurso, ainda, mobiliza sentidos que ora apontam para uma memória discursiva religiosa, ora para a formação histórica do sujeito-de-direito. .