Composição nominal nos Dicionários da Academia das Ciências de Lisboa
Neste trabalho analisam-se os compostos nominais registados em três dicionários da Língua Portuguesa: Dicionário da Lingoa Portugueza, publicado em 1793, pela Academia Real das Sciencias de Lisboa, o Dicionário da Língua Portuguesa e o Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea, publicados, respetivamente, em 1976 e em 2001, pela Academia das Ciências de Lisboa[1].
Em cada obra, e tendo por base as propriedades caracterizadoras dos compostos (cf. Bisetto & Scalise, 2005; Rio-Torto & Ribeiro, 2016) identificam-se os produtos compositivos dicionarizados, independentemente de estes ocorrerem ou não como entradas autónomas, procurando-se compreender, nomeadamente através da análise das informações metalinguísticas facultadas, o modo como é percecionado este processo genolexical.
Uma vez constituídas as listas de compostos, estes são estudados, na linha do proposto em Rio-Torto e Ribeiro (2016), de acordo com i) o esquema composicional em que assentam, ii) as relações intracomposto – sintáticas e semânticas – que lhes subjazem, iii) as áreas léxico-conceptuais dos respetivos elementos formativos e dos produtos, pretendendo-se compreender se, nos últimos dois séculos e meio, se registaram alterações no que concerne ao volume de compostos nominais em uso ou às suas características estruturais e semânticas. Os dados já analisados confirmam um recurso crescente a este processo de formação de palavras, bem como uma progressiva preocupação dos lexicógrafos em descrever o mesmo. Embora não pareça haver alterações significativas no que concerne aos padrões estruturais de compostos dicionarizados, percebe-se a existência de um cada vez mais amplo espectro de áreas léxico-conceptuais representadas nestes produtivos compositivos.
[1] Dado que os Dicionários de 1793 e de 1976 apenas incluem entradas iniciadas com a letra A, optou-se por restringir a análise do Dicionário de 2001 apenas aos verbetes incluídos nesta letra.