Desde 2017, o Programa de Ampliação da Área de Abrangência do Projeto Mulheres Inspiradoras tem promovido a expansão do Projeto Mulheres Inspiradoras (PMI), tendo começado por 15 escolas da rede pública do Distrito Federal.  Em 2018, o projeto se tornou política pública, que tem como meta contemplar estudantes do 9º ano do Ensino Fundamental do DF até 2021. Tal projeto parte, sobretudo, de uma perspectiva que visa à valorização das mulheres, à educação para a cidadania, para a equidade de gênero e para a transformação social. Para isso, desenvolve o estudo de biografias de mulheres do mundo, do Brasil e da comunidade, bem como a leitura de obras de autoria feminina (negra) e a produção autoral de biografias das mulheres inspiradoras da comunidade. Neste trabalho, analiso as potencialidades do projeto na construção de práticas pedagógicas empreendidas na produção de discursos contra-hegemônicos, em especial, de identificações críticas de gênero-raça-classe. Articulo a abordagem da Análise de Discurso Crítica (ADC) e estudos (decoloniais) feministas para analisar o modo como alunas de uma escola em Ceilândia se identificam e identificam mulheres nas ações pedagógicas realizadas no âmbito do PMI. Nas análises, aponto questões da Educação em Direitos Humanos que amparam o desenvolvimento dessas ações e como isso contribui para a construção de um espaço na escola pública para o reconhecimento do potencial de agência de diferentes mulheres na mudança discursiva e social. A leitura de obras de autoria feminina, em especial, impulsiona o desenvolvimento da leitura crítica, política e consciente, de contestação aos atos performativos de gênero (BUTLER, 2004). Abre-se espaço para que as alunas reflitam mais criticamente sobre suas experiências e vivências sobre gênero e raça, principalmente no que tange a seu próprio protagonismo nesse lugar.