A PRESENÇA FEMININA NA BELLE ÉPOQUE CARIOCA | Autores: Anna Faedrich Martins Lopez (UFF - Universidade Federal Fluminense) |
Resumo: Analisarei a atuação e a repercussão das mulheres na belle époque carioca, entre o final do século XIX e início do século XX. O levantamento e análise da produção literária e intelectual de escritoras brasileiras desta época nos permitirá uma compreensão maior de como elas pensavam questões como a modernidade, técnica e cultura urbana, sobretudo por meio das crônicas de Júlia Lopes de Almeida no jornal O Paiz, e de como essas inovações refletiram esteticamente em suas obras literárias. Narcisa Amália, Albertina Bertha e Júlia Lopes de Almeida são nomes relevantes no cenário literário e intelectual brasileiro, entre os anos de 1870 a 1920, que merecem espaço de análise e de consideração. A alfabetização e a instrução básica compreendidas como prática emancipatória é tema recorrente na produção dessas escritoras. Narcisa Amália, por exemplo, se auto define como a primeira feminista no Brasil e reclama por maior igualdade de gênero com foco na educação e na profissionalização das mulheres. Considerada a primeira jornalista profissional no Brasil, atuou ativamente na imprensa periódica, trocou correspondências com intelectuais à época, nas quais evidenciava a sua insatisfação com a desigualdade de gênero e com as intempéries da trajetória intelectual feminina, e teve destaque como poeta, publicando o aclamado Nebulosas em 1872. Albertina Bertha, por sua vez, abre espaço na literatura brasileira para protagonistas eruditas e independentes, que preferem ler filosofia e poesia a desempenhar o papel social destinado à mulher oitocentista. Trata-se de protagonistas transgressoras que desafiam o status quo. Júlia Lopes de Almeida, em tom ameno – e, por vezes, mal compreendido pela crítica –, clama pela profissionalização como forma de emancipação feminina em textos destinados às mulheres e, também, como tema de sua literatura – romances e contos.
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