Este trabalho de pesquisa tem por objetivo problematizar o ensino de língua portuguesa no tocante ao desenvolvimento das competências e habilidades de leitura e de escrita, sobretudo no segundo segmento do Ensino Fundamental. Entende-se que a construção do conhecimento é progressiva, entretanto o cenário de enorme defasagem vivenciado pela escola evidencia que, não raro, os alunos chegam ao nono ano escolar com dificuldades para compreender e para produzir textos simples. É possível afirmar que a escola não tem cumprido seu papel de ensinar para o exercício da cidadania, visto que a maioria dos estudantes termina o Ensino Médio sem autonomia para se expressar em situações comunicativas formais. Diante de tais questões, buscou-se pensar em estratégias de ensino-aprendizagem nas quais o discente é tido como sujeito que constrói conhecimento, de forma gradual, na interação com o professor e com os colegas da turma. Essa perspectiva de ensino vai de encontro às metodologias que priorizam o ensino de gramática normativa centrado na metalinguagem por entender que o reconhecimento e a classificação de termos não têm sido suficientes para dar ao aluno subsídios para a comunicação, oral ou escrita, em níveis variados de formalidade. Cabe destacar que os estudos de Bakhtin (2011) acerca dos gêneros discursivos são de grande valia para pensar, no âmbito escolar, a língua como interação, prática dialógica na qual emissor e receptor assumem importantes papéis. As contribuições bakhtinianas também são significativas  para a concepção de ensino em torno de gêneros, tendo em vista as especificidades e a função de cada gênero nos diferentes campos da atividade humana (BAKHTIN, 2011, p.266). Assim, a leitura de textos do gênero tirinha foi proposta aos estudantes com vistas à formação de leitores e de escritores críticos.